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João Távora

Deve ser mais um exemplo de ética republicana...

Tenho Alojamento Local, mas não vou ser eu que vou resolver o problema de habitação desta cidade. No dia em que a Câmara Municipal de Lisboa decida, eu deixo de ter. Mas não é cada um que, individualmente, tem de resolver um problema colectivo”. Esta declaração não é de Ricardo Robles, é de um ex-assessor do BE e de José Sá Fernandes na CML, detentor de duas unidades de Alojamento Local e proprietário de uma livraria onde promoveu “recolha de assinaturas” para o defunto referendo com vista à proibição do Alojamento Local “em todos os apartamentos privados destinados à habitação na cidade de Lisboa”.

Pois eu acho que o caminho para a resolução de problemas colectivos deveria começar sempre através do exemplo e mudança de atitude e coerência de cada indivíduo, principalmente quando assume posições publicas sobre o assunto. Vejamos: se defendermos publicamente que o automóvel é um nefasto causador de poluição, teremos de esperar sentados ao volante nos engarrafamentos da cidade por uma lei que nos proíba a circulação? Se tivermos uma posição pública contra as touradas, fará sentido comercializarmos touros para a faena? Ou ainda, se formos activistas de esquerda pelos direitos das mulheres faz sentido fazer uso das leis capitalistas para despedir duas trabalhadoras, mães recentes em período de amamentação?

Este é mais um caso exemplar da tão propalada ética republicana. Do excesso de confiança na lei e na mudança dos comportamentos pela via ortopédica. Ou uma profunda desconfiança pelo livre-arbítrio e liberdade individual. Uma velha e conhecida tentação dos progressistas com clara genealogia tirânica.