Estado de sítio (6)
Coronavírus hoje em Portugal – 785 casos, 3 vítimas mortais
Hoje calhou o primeiro dia sob o regime de “estado de emergência” ser dia de São José. Tenho o São José como o meu herói entre os Santos. Uso uma medalha perto do coração e demos o seu nome ao meu filho mais pequeno, na esperança que a sua santidade inspire os meus passos. E hoje é também dia do Pai, uma data que nos anos mais recentes tem para mim sido cada vez mais parecida com o meu dia de anos. Talvez seja por pressão da mãe, ou quem sabe os miúdos começaram a reconhecer importância no meu papel. Desse modo o almoço foi na varanda, abrimos uma garrafa de vinho reserva e a Carolina fez-nos umas farófias deliciosas de sobremesa. Isto comprova que apesar das circunstâncias do confinamento sou um sortudo (acho que amanhã vou de carapuça na cabeça fazer 4 quilómetros de corrida na clandestinidade pelas ruas desertas que faz-me falta o exercício para manter a sanidade). Menos mal é o facto de ter recebido um e-mail do Sporting a desejar-me feliz dia do Pai. A paragem do campeonato tem poupado os sportinguistas a muitas aflições, verdade se diga. Mas faz muita falta o futebol, convenhamos.
O meu filhote mais pequeno apesar da resistência (por ele passava o dia todo esparramado no pufe a jogar jogos electrónicos e a falar com os amigos por WhatsApp), continua a cumprir com os deveres enviados pela escola que envia diariamente por e-mail para a professora respectiva, mas hoje soubemos que estão em vias de iniciar as aulas à distancia, a exemplo do que já acontece com a irmã com a Faculdade de Direito.
Ontem gostei particularmente de assistir a um debate na TVI sobre o estado de emergência e a alocução do professor Marcelo. Incluía sumidades como Paulo Portas, Miguel Sousa Tavares, Manuela Ferreira Leite, Garcia Pereira e… o Pedro Santos Guerreiro: consolou-me constatar que o afamado jornalista tenha seguido o exemplo do Presidente da República, vestindo uma gravatinha e um fato engomado. Apesar da catástrofe há que manter as aparências da dignidade, o telespectador agradece. A propósito do tsunami económico que aí vem, é curioso constatar como há demasiadas pessoas que até são inteligentes e razoáveis, mas quando o assunto tem a ver com economia e finanças adoptam o pensamento mágico. Sobre as questões de trabalho, a minha mulher e eu continuamos empenhados em entregar os nossos trabalhos a horas, a pagar aos nossos colaboradores e a cumprir as nossas responsabilidades na expectativa que isto não pare de vez e que o dinheiro continue a circular. Caso contrário ficaremos entalados.