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João Távora

17.Nov.23

A paz no mundo

João Távora
Por estes dias ouve-se falar muito de paz, da necessidade de paz, do fim das injustiças e da guerra, e eu reconheço que esse é um debate muito estimulante. O problema é que implementá-la à força constituiria sempre uma extrema violência, uma guerra ainda mais atroz. Quase que me envergonho de afirmar que a paz entre os homens é contra-natura. Eu cresci no meio de cinco irmãos, quase com a mesma idade, e sei do que falo. Lembro-me de como o sistema repressivo implementado pelos (...)
09.Set.23

Setembro

João Távora
Um enorme tédio e, às vezes, fastio é o sentimento que nos assalta ao ver os telejornais nestes primeiros dias de Setembro, à falta de investigação um desafio à imaginação dos jornalistas que “editam a nossa democracia” como diz Miguel Poiares Maduro hoje no Expresso. Que saudades tenho do mês Agosto marcado no seu início pela intensidade da JMJ e, mais tarde, quando o alheamento à realidade naqueles mornos fins de tarde era voluntário.  Não se passa nada, até o (...)
06.Jun.23

(Im) Perfeição

João Távora
Os encontros e relações pessoais mais desagradáveis com que deparei ao longo da minha vida social e profissional deram-se sempre com aqueles indivíduos com uma autoconfiança desmesurada face às suas reais capacidades intelectuais. Numa relação de continuidade, obrigam-nos a um grande esforço de tolerância e autodomínio. Mais trágico é quando essa segurança não se faz acompanhar pela necessário calibre ético e moral. Estamos a falar do vulgar aldrabão que, se for dotado (...)
24.Mai.23

Não me gritem! *

João Távora
É fácil constatar que é cada vez mais difícil juntar 10 convivas num jantar sem o risco de uma zanga e alguns amuos numa cacofonia de arengas inconvenientes. As redes sociais confirmaram que deixou de existir um chão comum, uma base de entendimento, que toda a gente, mesmo toda, pode ter e afirmar a sua opinião muito própria, sobre história, física quântica ou teologia, e até da vida dos outros. Há muito que as opiniões de alguns, os mais afoitos ou até alcoolizados, (...)
09.Ago.22

Consolação

João Távora
Uma das palavras que mais gosto é “consolação” por causa dos seus significados. Lembrei-me disso, a banhos na praia do Medão, ou Supertubos como é conhecida agora por causa dos surfistas, a meio caminho entre Peniche e a Praia da Consolação. Esta, delimitada a sul por uma falésia é encimada por um forte com o mesmo nome, deve-o à Capela quinhentista existente nesta localidade de Atouguia da Baleia, dedicada a Nossa Senhora da Consolação.  Analisemos então a sua (...)
17.Jun.21

São as histórias que nos salvam

João Távora
Vem-nos da infância o irresistível fascínio por histórias. Uma história que nos resgate do vazio, dos medos e angustias, da fria solidão que se esconde na camada mais interior de nós mesmos. Talvez por isso, naquele sombrio lusco-fusco de alma que era a hora de adormecer, da criança largar as amarras ao dia agitado pelos espantos, afectos e sensações novas, antes do mergulho no escuro, na ausência, fosse tão precioso consolo ouvir uma boa história contada pelo pai ou pela (...)
31.Ago.20

Precisamos de um milagre

João Távora
As minhas preocupações mais profundas prendem-se com questões a que a política há muito deixou de acorrer. Duzentos anos passados sobre o início das revoluções liberais, a descristianização de Portugal tornou-se um processo acelerado – como no resto da Europa, o individualismo espalhou-se como um vírus que não olha a fronteiras. Aliás, a epidemia do “d (...)
24.Jul.20

Grosseria, a outra epidemia

Reflexões sobre a anormalidade do novo normal

João Távora
Existem danos colaterais da pandemia que, na hierarquia das prioridades vistas da enfermaria, acabam menosprezados e não deviam. Nem me vou centrar no problema causado pelo distanciamento social que, para muita gente que com esforço fomentava a sua rede de relações, a dinâmica será difícil de inverter. Constato com alguma tristeza como, apesar do desconfinamento, muitos ainda resistem a uma presença física numa reunião, mesmo que dentro das regras sanitárias, na possibilidade (...)
13.Dez.18

A falta que faz um pai...

João Távora
  Queria escrever um texto sobre a importância da paternidade, advogar em causa própria (tornei-me um pai a tempo inteiro), algo que nestes tempos de feminismos exacerbados e decadência da chamada “cultura patriarcal”, talvez seja um atrevimento. Não quero de todo contrariar o cânone contemporâneo de que Pai e Mãe devem partilhar funções em casa: de facto não está escrito nos cromossomas quem deve lavar a loiça, mudar a fralda ao bebé a meio da noite ou pendurar a roupa (...)
02.Ago.18

Vamos conversar sobre o tempo?

João Távora
Poucos climas há tão encantadores como o de Portugal. O Inverno é neste país menos áspero que nos países do norte, mesmo menos áspero que a região central de França. A neve só cai nos cumes dos montes. Gozam-se dias admiráveis que rivalizam com os nossos mais amenos dias de Primavera. No Verão, a temperatura é muito mais elevada do que em Espanha. E passam-se aí às vezes calores de abrasar, mal moderados pelos ventos quentes do Oceano Atlântico; mas encontram-se ali tantos (...)