Que o mundo em que vivemos neste lado do planeta cada vez mais se parece com um manicómio, não será novidade para ninguém, mas mesmo cansados de tanto espanto talvez continue a valer a pena questionarmo-nos. Por exemplo: já repararam como aquela moda dos filmes negros norte-americanos com diálogos cheios de vernáculo de teor sexual, ao pior estilo das prisões penitenciárias, extravasou as fronteiras e se vem alargando ao cinema e televisão mainstream? No meio desta onda puritana (...)
A frase que adaptei como título desta crónica é retirada do discurso do Papa Bento XVI a 25 de Abril de 2005 às delegações e peregrinos de língua alemã em Roma por ocasião da sua eleição e ficou a ressoar na minha consciência nas semanas que se seguiram à sua morte. Porque encaixa na percepção que tenho dos (...)
A propósito do hediondo caso de tortura e assassinato de uma menina de 3 anos em Setúbal que a todos nos vem martirizando as consciências, Marcelo Rebelo de Sousa relevou o sinal de miséria moral que o caso evidencia e que nos deve fazer reflectir. Desta vez confesso que estou de acordo com o ângulo da perspectiva do comentador, que acedo a aprofundar. Se por estes dias se ouvem muitas vozes genuinamente indignadas com a falha do Estado e dos seus organismos, julgo que esse é o (...)
O mundo nos nossos dias, escravizado às dinâmicas marxistas (chamemos-lhes assim), analisa tudo o que de si emana como se fora sempre reflexo duma disputa de hegemonia entre indivíduos, facções, políticas, culturas, sexos, raças ou etnias. Essa frenética alienação a que estamos escravizados, gera pessoas profundamente revoltadas e infelizes, sentimentos absolutamente contrários àqueles que essa mundivisão promete para um dia de glória vindouro. É contra essa fantasia que (...)
Anda p'raí um escarcéu nas redes sociais por causa dumas “denúncias” de alegados assédios a figuras públicas como se fora uma campanha de sensibilização – não é razão para menos. Pela minha parte tenho a convicção de que haverá poucas atitudes mais cobardes e indecentes do que o assédio sexual, e que tal terá de ser radicalmente condenado socialmente. Fazer disso uma “guerra de sexos” é que não me parece que faça sentido. A questão é que não é possível (...)
Era uma vez uma pessoa que, para não se maçar muito, passava a vida a matar o tempo embrenhada em toda a sorte de jogos e paciências. Foi já no fim da vida, não sem um leve sentimento de frustração, que percebeu que fora bem sucedido: já lhe faltava pouco tempo para matar.
Curioso é como por estes dias se ouve demasiada gente preocupada com a exibição de muita hipocrisia e incoerência. As festas familiares às vezes forçadas induzem essa percepção. Pela minha parte não vejo as coisas assim: sendo os maus sentimentos e vulnerabilidades inevitáveis no relacionamento interpessoal por via da complexidade humana (que é nossa riqueza, também) julgo que a festa do Natal justifica que as pessoas contrariem gestos e atitudes que reflitam esses (...)
Queria escrever um texto sobre a importância da paternidade, advogar em causa própria (tornei-me um pai a tempo inteiro), algo que nestes tempos de feminismos exacerbados e decadência da chamada “cultura patriarcal”, talvez seja um atrevimento. Não quero de todo contrariar o cânone contemporâneo de que Pai e Mãe devem partilhar funções em casa: de facto não está escrito nos cromossomas quem deve lavar a loiça, mudar a fralda ao bebé a meio da noite ou pendurar a roupa (...)
Sobre a discussão do beijo coercivo dos netos aos avós levantada por um descabelado participante do programa Prós e Contras que eu faço empenho em não ver mas cuja intervenção me chegou pelas redes sociais, tenho a dizer que, tirando casos extremos, cada um educa os seus filhos como achar melhor, na certeza de que dessas opções um dia haverá consequências e contas a saldar. Os cientistas sociais que se metam na sua vida. Mas visto que o tema, para lá dos insultos que gerou de (...)