A vozearia sobre a viabilidade do governo AD sem maioria absoluta ainda vai aumentar mais uns decibéis. Se a esquerda à espera de melhores dias se distancia higienicamente dos “retrocessos” e de fantasmas fascistas (sempre assim foi), do outro lado, André Ventura vitimiza-se por não lhe darem lugar numa dança que na verdade não quer dançar. Se é verdade que para um Tango são precisos dois, definitivamente não é nesses maus modos que se pede a uma senhora para dançar, (...)
Já tinham acontecido durante quase todo o ano passado perante a indiferença geral do país, as greves sistemáticas da CP e paralização dos comboios. Se não eram dos maquinistas eram dos revisores, se não eram dos revisores eram dos trabalhadores das infra-estruturas. Evidentemente que se trata de uma pequena amostra dum país disfuncional, em que as pessoas, em regra pobres, aceitam conformadas o triste destino de precisar de serviços que dependam do Estado. Da Saúde aos (...)
Nestes momentos de incerteza e apreensão, na perspectiva dumas eleições antecipadas caídas do céu poderem constituir o resgate do país ou o seu afundamento numa crise de ingovernabilidade, seria da maior conveniência que os actores se comportassem com a serenidade e inteligência que a situação delicada exige. Não digo isto só a propósito da desgarrada verborreia e hiperactividade de Marcelo Rebelo de Sousa quando precisávamos de um Chefe de Estado com os mínimos (...)
O retorno à ribalta política de Pedro Passos Coelho como salvador da pátria é um assunto recorrente no debate à direita que reflecte bem a profunda crise que atravessa, com clara dificuldade de renovar-se com novos protagonistas, mas principalmente de assumir bandeiras que entusiasmem um eleitorado tendencialmente resignado – e assustado. Esse sebastianismo também espelha uma falta de autoridade e reconhecimento público das elites políticas envelhecidas que há décadas circulam (...)
Não deixando de ser um assunto de suprema importância, a temática da gestão da contabilidade do país, mais décima, menos décima de déficit, mais décima ou menos décima de crescimento, não pode monopolizar da discussão política nacional. O pudor, se não vergonha, assumida nos tempos mais recentes pelos partidos da direita no que refere a uma perspectiva ideológica distintiva sobre as reformas preconizadas para um resgate do País do atoleiro em que vivemos imersos, vem (...)
Tenho a impressão que vivemos uma espécie de nova "acalmação" como a que foi tentada pelos partidos e pela coroa em desespero após o regicídio de 1908. Então, a tentativa durou dois anos até chegar a revolução e o caos com os republicanos. A nova "aclamação" apadrinhada por Belém e pela CGTP também não sobreviverá muito tempo à realidade: um Orçamento de Estado inviável que quer agradar a Deus e ao Diabo, um Plano Nacional de Reformas vago e bucólico, um acordo com os (...)
Desgosta-me muito e desinteresso-me da política por estes dias em que os reaccionários recuperaram o poder, desconstruindo à golpada todas as convenções em que se foi fundando a nossa jovem democracia. As convenções que afinal deveriam ser preservadas e respeitadas como regras de uma constituição não escrita, emanada da da experiência e aplicada para o bem (mesmo) comum. Não é só o recuo das (poucas) difíceis reformas instituídas pelo governo do resgate, em favor das mais (...)
Com os patéticos ataques de Ana Gomes a Paulo Portas e da Comissão de Inquérito ao BES a Passos Coelho e ao Presidente da República está lançada a chicana politica em que o Partido Socialista aposta na tentativa de radicalizar um discurso vazio de soluções. Com José Sócrates na cadeia, o último primeiro-ministro que governou numa relação (...)
O problema é que o sucesso do resgate português deixou um rasto de destruição no que restava da reputação do regime e das suas instituições. E para ganhar um balão de oxigénio o regime necessita da imolação dum cordeiro, leia-se dos executantes do programa da Troika: o pouco provável descalabro da Aliança Portugal nas eleições europeias. Um fenómeno explicável (...)
É irónico como no dia a seguir a Cavaco Silva ter proclamado que um consenso entre as forças politicas teria repercussões na redução dos juros da dívida, surja um manifesto assinado por 70 “notáveis”, que junta gente como o trotskista Francisco Louçã a Manuela Ferreira Leite, ou Freitas do Amaral a Carvalho (...)